TRABALHO DESDE 2009

18/04/2009

O AEE para Pessoas com Surdez

Trabalho desde 2009 na cidade de Breves-Pará

Centro de Atendimento Educacional Especializado CAEE

Hallef Pinheiro Vasconcelos

Veja experiente profissional Professor Especialista Educação Especial e Inclusiva em Libras. Área Educação: Educação Especial, Deficiência Auditiva, Alunos Surdos e AEE de Libras.

Professora: Marisete Borges, Interprete em Libras, Especialista Educação Especial e Inclusiva.

Professor: Rodrigo Pimenta, Habilita de Libras, Especialista Educação Especial e Inclusiva em Libras

Trabalhamos junto, formação continuada em Libras, formação dos professores AEE e Projetos dia do surdo, falando com as mãos, Libras nas escolas.

Veja as fotos experiência profissional.

O AEE DE LIBRAS

Como acontece com outras línguas, para o ensino de Libras a metodologia do professor deve estar focada no contexto de vida do aluno, para que o seu desenvolvimento linguístico seja mais significativo, respeitando-se o conhecimento que o aluno tem a respeito da Língua de Sinais e o estágio de desenvolvimento da língua em que o aluno se encontra. Segundo DAMÁZIO e FERREIRA (2010: p. 17) "na organização do AEE, o professor de Libras deve planejar o ensino dessa língua a partir dos diversos aspectos que envolvem sua aprendizagem, como: referencias visuais, anotação em língua portuguesa, dactilologia (alfabeto manual), parâmetros primários e secundários, que são a configuração das mão, ponto de articulação, movimento e disposição das mãos, orientação da palma das mãos, região de contato e expressões faciais, classificadores e sinais". Ao ser respeitado isso, durante os atendimentos, os alunos irão interagir estabelecendo diálogos e realizando trocas simbólicas.

Outra questão importante é dizer que o aprendizado de Libras é um direito das pessoas com surdez, reconhecido pela Lei 10.436/2002, e deverá ser oferecido durante toda a educação básica, inclusive na educação infantil, para que sua apropriação se dê de maneira o mais natural possível. Vale ressaltar que, para o ensino de Libras, as escolas devem contar com a presença de um profissional habilitado, preferencialmente surdo.

A sala onde será realizado o AEE deverá contar com vários recursos pedagógicos, tais como: DVDs, livros de diversos gêneros textuais, recursos visuais, dicionários, materiais concretos, dentre outros.

A Libras não é uma língua pronta e acabada. Ainda são necessárias pesquisas para a elaboração e sistematização de termos técnicos e científicos para a ampliação do vocabulário da Libras. Esse trabalho de pesquisa deve ser realizado entre alunos, professores e tradutores/intérpretes da Libras. Segundo DAMÁZIO e FERREIRA (2010: p. 17) 'a criação e organização desses termos em Libras é fundamental para:

  1. Subsidiar o tradutor/intérprete e o professor bilíngüe a trabalhar em Libras em seus vários contextos científicos;
  2. Desenvolver referencial teórico que possibilite a apreensão de termos inerentes aos conhecimentos científicos;
  3. Construir conceitos em sala de aula e possibilitar ampliação das competências lingüísticas da pessoa com surdez em Libras e em Língua Portuguesa.
  4. Gerar novas convenções em glossários e dicionários da Libras".

A avaliação da aprendizagem dos alunos em Libras deve ser sistemática e deve levar em consideração o conhecimento dos sinais, fluência e simetria, a construção e apreensão de conceitos de termos técnicos, de acordo com o nível de escolarização do aluno.


O AEE EM LIBRAS


O AEE em Libras deve trabalhar de forma antecipada a base conceitual dos conteúdos curriculares que serão ministrados nos assuntos em sala de aula comum. Essa antecipação visa a participação dos o alunos com surdez nas aulas de forma mais efetiva, caso contrário, eles poderão ter dificuldade de compreenderem o que está sendo tratado pelo professor e de interagirem com os colegas.

O AEE em Libras, como as demais formas de AEE, deve ocorrer no contraturno ao horário da escolarização, porém, o professor do AEE deve trabalhar com os conteúdos curriculares de forma articulada com o professor de sala de aula. O atendimento não deve substituir a escolarização, sendo um serviço complementar ao que está sendo estudado na sala de aula.

A prática pedagógica do AEE deve possibilitar que o aluno aprenda a aprender, ou seja, deve levá-lo a questionamentos, que por sua vez deve propiciar a investigação e a reflexão, levando-o a formular suas idéias, dentro do princípio da liberdade de expressão. Desta forma, o aluno estará construindo conhecimento, mas para que esse conhecimento não seja fragmentado, as aulas devem ser planejadas com a integração dos professores das diferentes áreas.

As etapas essenciais que o professor em Libras deverá seguir para o atendimento do aluno com surdez, segundo DAMÁZIO e FERREIRA (2010: pp. 12-14), são as seguintes:
- Acolhimento de todos os alunos, que precisam ser valorizados, mantendo uma relação de respeito e confiança com o professor.

- A identificação das habilidades e necessidades educacionais específicas dos alunos contemplando a avaliação inicial dos conhecimentos dos alunos.
- Parceria com os professores da sala de aula comum para a discussão dos conteúdos curriculares, objetivando a coerência entre o planejamento das aulas de sala comum e o do AEE. Esse planejamento propicia uma organização didática bem estruturada que contribuirá para a compreensão dos conceitos referentes aos conteúdos curriculares, possibilitando aos alunos com surdez estabelecer relações e ampliar seu conhecimento acerca dos temas desenvolvidos em Língua Portuguesa e em Libras.

- Estudo dos termos científicos próprios das áreas específicas em Libras. Neste momento há uma ampliação do vocabulário técnico da Libras, a necessidade de criação de novos sinais e o aprofundamento dos conhecimentos nessa língua.

- Identificação, organização e produção de recursos didáticos acessíveis a serem utilizados para ilustrar as aulas na sala de aula comum e no AEE, além de estratégias de dramatização, pantomima e outras que contribuem com construção de diferentes conceitos. Os recursos visuais são essenciais, uma vez que a língua de instrução do AEE é Libras. Portanto, as salas de recursos multifuncionais devem ter muitos materiais visuais dispostos em murais, livros, painéis, fotos sobre os conteúdos e outros. A produção desses recursos, pelos professores e alunos, é primordial para a compreensão dos conteúdos curriculares em Libras, enriquecendo a aula e tornando-a mais atraente e representativa.

- Avaliação da aprendizagem por meio da Libras é importante para que se verifique a compreensão e a evolução conceitual dos alunos com surdez no AEE. Considerando que a educação escolar dos alunos com surdez tem como língua de instrução a Libras e a Língua Portuguesa, o aluno realizará suas avaliações em sala de aula comum em Língua Portuguesa e em Libras, de acordo com os objetivos propostos.

O AEE PARA O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA


Este momento dar-se-á orientado pelo bilinguismo, sendo considerado a Libras e Português escrito como línguas de instrução dos alunos com surdez, pois as duas línguas são importantes, pois ampliam as possibilidades de comunicação e aprendizagem em várias situações do cotidiano escolar.

Como nos demais momentos, este também deve se dá em SRM, no contra turno ao da sala de aula comum, onde também é fundamental a articulação dos professores do AEE e da sala de aula comum. Este atendimento também deverá ser desenvolvido por profissional habilitado, ou seja, por professores licenciados em Língua Portuguesa conhecedores dos pressupostos norteadores do trabalho com pessoas com surdez.

Como esse momento visa desenvolver a competência lingüística e textual dos alunos com surdez, para que os mesmos desenvolvam a habilidade de leitura e de escrita em língua portuguesa, a sala de recursos multifuncionais, segundo DAMÁZIO (2010: p. 20), precisa ter:

  • amplo acervo textual em Língua Portuguesa, capaz de oferecer ao aluno a pluralidade dos discursos, pelos quais possam ter oportunidade de interação com os mais variados tipos de situação e de enunciação;

  • presença de pistas escritas pré-estabelecidas pelo professor em concordância com os alunos, de forma que possam ser utilizadas como canal de comunicação entre os alunos e o professor, colocando em uso, a estrutura e funcionamento da língua.

Uma prática que tem acontecido é o uso da Libras para o ensino da Língua Portuguesa, no entanto, essa prática tem contribuído para o exercício do bimodalismo e não do bilinguismo e por isso não deve ser desenvolvida no AEE. O aluno poderá até utilizar as duas línguas em suas reflexões, porém o professor de Língua Portuguesa deve levá-lo a diminuir, gradativamente, o uso da Libras nas aulas de sua disciplina. Uma forma de se estabelecer a comunicação entre professor de Língua Portuguesa e aluno com surdez pode ser a leitura labial (caso o aluno tenha essa habilidade), além da própria escrita.

O ensino do Português escrito deve ser diário, pois, para as pessoas com surdez, o aprendizado desta língua exige exercício constante e deve ser preparado de acordo com o nível de aprendizagem e desenvolvimento linguístico dos alunos, que deve ser avaliado pelo professor do AEE, o qual deve observar principalmente a leitura e a escrita, levando em consideração a produção e a interpretação do próprio aluno.

Segundo DAMÁZIO (2010: p.19) "para a aprendizagem do Português, a proposta didático-pedagógica, em um primeiro nível de ensino deve iniciar-se com os processos de letramento, que perpassam a educação infantil e o ciclo de alfabetização no decorrer do ensino fundamental. Num segundo nível intermediário, os textos devem apresentar estruturas, organização e funcionamento de razoável complexidade, em condições de promover a leitura, interpretação e escrita, segundo categorias mais elaboradas da língua portuguesa. No terceiro nível, os conhecimentos do Português escrito devem recair sobre o uso da língua oficial na leitura e na produção de textos mais complexos".

A avaliação da aprendizagem do Português escrito pelas pessoas com surdez deve servir para:

  • Verificar os avanços e dificuldades de cada um
  • Servir como parâmetro para a redefinição do planejamento, em caso de necessidade.

Segundo DAMÁZIO (2010: pp.18-19) para o ensino de a Língua Portuguesa escrita no AEE é importante considerar:

Alunos com surdez e o ato de ler: além da atribuição de significados à imagem gráfica, Martins (1982) define a leitura como a relação que o leitor estabelece com a própria experiência, por meio do texto. Envolve aspectos sensoriais, emocionais e racionais. Ler não é dizer o já dito, mas falar do outro sentido é impossível uma leitura do consenso, as diferentes interpretações revelam a riqueza presentes no texto. A leitura se dá por meio de um processo de interlocução entre o leitor e o autor mediados pelo texto, num movimento que estimula seus mecanismos perceptivos, do todo para as partes e vice-versa, resultando nos percursos de contextualização, descontextualização e recontextualização. No percurso de contextualização, o aluno parte do todo textual para formar o sentido inicial da produção de significados o percurso de descontextualização, há o reconhecimento das partes do texto, das suas estruturas em palavras e frases, sílabas e grafemas. No percurso da recontextualização, o aluno realiza o processo de montagem de outros sentidos e a produção de novas palavras ou textos.


Aluno com surdez e ato de escrever: o texto é uma tessitura de palavras, idéias e concepções articuladas de forma coerente e coesa. Ensinar aos alunos com surdez, assim como aos demais alunos, a produzir textos em Português objetiva torná-los competentes em seus discursos, oferecendo-lhes oportunidades de interagir nas práticas da língua oficial e de transformar-se em sujeitos de saber e poder com criatividade e arte. Para que essa aprendizagem ocorra, a educação escolar deve apresentar aos alunos com surdez a diversidade textual circulante em nossas práticas sociais. Essa apropriação dos gêneros e discursos é essencial para que os alunos façam uso da língua portuguesa.


Ler DAMÁZIO e FERREIRA (2010) para ver algumas atividades pedagógicas envolvendo linguagens e vivências no AEE:
  • Para fases iniciais de aprendizado da Língua Portuguesa;
  • Para a leitura;
  • Para a escrita;
  • Para descoberta da escrita: linguagens lúdicas;
  • Para desenvolver o léxico: estudos ortográficos e do sentido das palavras em diferentes contextos;
  • Para a produção de textos escritos em Português.

Referência bibliográfica DAMÁZIO, Mirlene F. M., ALVES, Carla B. e FERREIRA, Josimário de P. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar : abordagem bilíngue na escolarização de pessoas com surdez. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial; Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010.

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